quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Deus dá os melhores presentes

Não é uma moda passageira...

Desejo de ver a Deus: uma luta que se trava na solidão

  "A solidão mais significativa e enraizada que experimentamos vem do desejo ardente de ver a Deus. Parece que Deus nos fez de tal modo que dentro de nós existe um certo espaço, uma sede, um vazio solitário que só Ele pode preencher. Nós somos como uma caverna de profundidade infinita. Evitar entrar na solidão conduz-nos necessariamente à superficialidade, a uma vida fora da nossa profundidade e riqueza.
  A dor da nossa solidão pode ser uma ajuda imensa, na medida em que nos mantém num estado de inquietude e insatisfação. É natural que procuremos estabilidade e segurança, no entanto, temos de estar conscientes que este desejo nos pode acomodar e instalar. O nosso lugar é o caminho. Tão depressa como comecemos a desfazer as malas para nos instalarmos, assim a nossa solidão e inquietude nos fazem voltar e desejar o caminho. Estamos feitos para um amor e uma unidade infinitos. Temos de aceitar que esta inquietude é uma parte incurável do ser humano. Não aceitar esta condição conduzir-nos-á a viver fora de nós".
Carlos Maria Antunes
in: "Atravessar a própria solidão"

domingo, 25 de dezembro de 2011

Rubem Alves - Para os que estão envelhecendo

Natal 2011

"Jesus Cristo se apresenta como o encontro do homem que busca Deus e de Deus que busca o homem. Ele é a encruzilhada onde se cruzam o caminho descendente de Deus com o caminho ascendente do homem."
Leonardo Boff, Encarnação: A humanidade e a jovialidade do nosso Deus 
(Petrópolis 1985)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Ver Deus no quotidiano

"Deus está na surpresa e no inesperado. Quando menos imaginamos, a sua presença irrompe nos lugares quotidianos mais inusitados. Hoje mesmo pude vê-lo no quintal da minha casa. Chegou de mansinho, colheu algumas jabuticabas, deu comida aos passarinhos e depois foi-se embora, rindo e pulando sobre as margaridas para não as amachucar. Deus é igual a um menino: alegra-se com pouca coisa".
Fábio de Melo 
(no seu livro "Tempo: saudades e esquecimentos")

domingo, 11 de dezembro de 2011

III Domingo do Advento (2ª leitura da eucaristia - ano B)

"Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus"
1Tess. 5, 16

O Mistério está todo na infância

E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder

Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente
Qual de nós dois é a sombra do outro?

Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore

O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura

P.e Tolentino Mendonça
dedicou este poema a Bento XVI
pela ocasião do 60º aniversário da sua ordenação.