segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sem tempo para pararmos diante de quem sofre...

"Se algo parece claro nas bem-aventuranças é que Deus é dos pobres, dos oprimidos, dos que sofrem e choram. Deus não é insensível ao sofrimento. Não é apático. Deus «sofre onde sofre o amor» (Jürgen Moltman) Por isso, o futuro querido e projectado por Deus pertence aos que sofrem, porque não há um lugar para eles nem na sociedade nem no coração dos irmãos.
São bastantes os pensadores que julgam observar um aumento crescente da apatia na sociedade moderna. Parece estar a crescer a nossa incapacidade para perceber o sofrimento alheio. É a atitude do cego que já não percebe a dor. O embotamento dos que permanecem insensíveis diante do sofrimento.
Vamos evitando, de mil maneiras, a relação e o contacto com os que sofrem. Erguemos muros que nos separam da experiência e da realidade do sofrimento alheio. Mantemo-nos o mais longe possível da dor. Preocupamo-nos connosco mesmos e vivemos «assepticamente» no nosso mundo privado, depois de colocar o correspondente «Do not disturb».
Por outro lado, a organização da vida moderna parece ajudar a encobrir a miséria e a solidão das pessoas, ocultando o sofrimento. Raramente experimentamos, de forma sensível e imediata, o sofrimento e a angústia dos outros. Não é frequente encontrar-se de perto com o rosto perdido dum homem marginalizado. Não tocamos a solidão e o desespero de quem vive perto de nós.
Reduzimos os problemas humanos a números e dados. Contemplamos o sofrimento alheio de forma indirecta, através do ecrã da televisão. Corremos cada um para as nossas ocupações, sem tempo para pararmos diante de quem sofre.
No meio desta apatia social torna-se, no entanto, mais significativa a fé cristã num «Deus amigo dos que sofrem, um Deus crucificado, que quis sofrer juntamente com os abandonados deste mundo: o Deus das bem-aventuranças."
José António Pagola

Felicidade segundo as Bem-aventuranças

"Pensa-se muitas vezes que a fé é algo que tem que ver com a salvação eterna do ser humano, mas não com a felicidade concreta de cada dia, que é o que agora nos interessa. Mais ainda. Há quem suspeite que sem Deus e sem religião seríamos mais felizes. (...)
Converter-se a Deus não significa decidir-se por uma vida mais infeliz e fastidiosa, mas orientar a própria liberdade para uma existência mais humana, mais saudável e, por último mais feliz, embora isso exija sacrifício e renúncia. Ser feliz tem sempre as suas exigências.
Ser cristão é aprender a «viver bem», seguindo o caminho aberto por Jesus. As bem- aventuranças são o núcleo mais significativo e «escandaloso» desse caminho. Para a felicidade caminha-se com o coração simples e transparente, com fome e sede de justiça, trabalhando pela paz com entranhas de misericórdia, suportando o peso do caminho com mansidão. Esse caminho desenhado nas bem-aventuranças leva a conhecer, já nesta terra, a felicidade vivida e experimentada pelo próprio Jesus".
José Antonio Pagola, O caminho aberto por Jesus, Gráfica de Coimbra, 2010, pp. 55 e 56.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Voluntariado

(foto retirada da NET)

Aí está... o Ano Europeu do Voluntariado.

SENSIBILIDADE

Na secção de alimentação de um supermercado se encontrava uma mulher inclinada, enquanto escolhia umas hortaliças. Naquele momento sentiu uma dor aguda nas costas, ficou imóvel e lançou uma expressão de dor.
Outra cliente, que se encontrava muito próximo, inclinou-se sobre ela com um gesto de cumplicidade e disse-lhe: "Se acha que a hortaliça está cara, aguarde para ver o preço do pescado..."
Que é que te faz reagir:
a Realidade ou o que tu supões sobre ela?
Anthonny de Mello, La oracion de la rana.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sinais positivos vs. sinais negativos

Nesta época natalícia, não faltaram incentivos à solidariedade do povo português... vindos de gente do foro religioso e civil. E confesso que nisso somos bons. Basta ver os sucessivos recordes de recolha de alimentos nas campanhas do Banco Alimentar contra a Fome...
Contudo, não sei se essa solidariedade tem em nós o efeito redentor esperado por entidades civis e religiosas. É melhor do que nada, no entanto, vejo outros sinais preocupantes na nossa sociedade, que podem bem apagar o efeito positivo daqueles gestos...
Posso estar enganado, mas nesta época de crise, que não é só de cifrões, mas também de valores, parece estar a crescer o individualismo/egoísmo em locais de trabalho ou outros, em que cada um olha para o seu umbigo e se esquece do conjunto. Só assim se justifica o adormecimento da população em relação a caminhos tortuosos que temos seguido nestes últimos tempos, sem grandes esperanças de melhorias no futuro. Perante aqueles que nos hipotecam o futuro não podemos "serenar" (à boa maneira do pedido de Pinheiro de Azevedo nos tempos conturbados do pós-25 de Abril).
E aqueles que julgam que a nossa "serenidade" é sinal de amadurecimento do povo, talvez se enganem... a julgar pelas revoltas que existem, mas que, até agora, têm sido muito canalizadas para coisas comezinhas, como os futebóis e os penaltis "roubados" pelos árbitros, ou então para coisas do foro familiar, como a violência doméstica. Basta abrir as páginas do "Correio da Manhã" para nos apercerbermos que a violência anda aí...
É bom que comecemos a exigir... se não queremos ser trucidados por coisas escuras, que hipotecam o bem-estar daqueles que nos procederão nesta caminhada pela terra.

Intemporal

"Há tantos burros mandando em homens de inteligência,
que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência".


António Aleixo
(Poeta Português)

Um bom lema para este ano!

Já vi por aí uma tradução portuguesa. O que eu tenho é em espanhol.
Trata-se de um excelente livro, a não perder...

... E porque não transformar o seu título em lema para o ano que agora se inicia...