segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Continua a aumentar...

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Ao contrário de outros países... nº de abortos legais continua a aumentar.


Lei pede provas impossíveis!

"A corrupção é protegida por leis confusas, por um Código de Processo Penal que exige provas impossíveis", referiu Maria José Morgado, a propósito da acção do marido (Saldanha Sanches) recentemente falecido.
(...)
"A outra caracterização da situação estava ligada aquilo que ele (Saldanha Sanches) designava por "carapaças jurídicas": leis suficientemente labirínticas, hipergarantísticas, rígidas, que serviam e servem de alimento à mecânica da corrupção."
Maria José Morgado, no jornal "Correio da Manhã" de 26.12.2010.

É perigoso ter gente que pensa...

Sol - Que reforma é que se pode fazer?
FV - Nenhuma, porque é isso que interessa ao poder. Ter uma sociedade de gente que pensa é muito perigoso. Ter uma sociedade de gente que pensa que pensa é fantástico. Temos aí as Novas Oportunidades para isso. Nós andamos sempre à procura do pai e à espera que este nos pegue ao colo. Se alguém fizer aquilo que me cabe a mim fazer, bato palmas e fico contente.
(...)

Sol - A Sociedade Bíblica anunciou que iria oferecer exemplares da Bíblia a todos os deputados. Enquanto especialista em assuntos bíblicos, que leituras da Bíblia lhes recomendaria?
FV - Do princípio ao fim. Desde logo, leria o texto dos vendilhões do templo. Há alguma perda do sentido do texto a partir das traduções que temos. A partir do original grego percebe-se que a grande fúria de Jesus é contra os vendedores de pombas. Porquê? As pombas eram o sacrifício, o gesto ritual litúrgico permitido aos mais pobres porque era o mais barato. Os muito ricos podiam oferecer uma vaca, os assim-assim podiam oferecer um carneiro ou uma cabra e os pobres uma pomba. A grande revolta está contra aqueles que, a partir da religião, oprimem os mais pobres. A revolta de Jesus hoje estaria, e está, contra aqueles que, tendo obrigação de cuidar da res publica, mamam à conta da res publica. Desculpe a vulgaridade, mas temos uma política de soutien: apoia a direita e a esquerda e mama das duas. Quem se lixa é o capim. Em África, há um ditado que diz que, quando os elefantes lutam, quem se lixa é o capim. E a todos os níveis nós estamos como capim: ora veja-se o elefante da senhora Merkel, coitadinha, que como pessoa me merece todo o respeito.

Continuação da entrevista de Frei Fernando Ventura ao jornal "Sol"

"Parece que está tudo maluco"

Sol- Quais são as situações que mais o revoltam?
Frei Fernando Ventura - Revolto-me muito. Tenho mau feitio. Vivo mais em Itália que em Portugal e cada vez vejo mais Portugal parecido com a Itália.
Sol - No que diz respeito à corrupção?
FV - No que diz respeito à corrupção, à Máfia, à Maçonaria desviada, aos jogos de poder. Temos uma estrutura social e política montada no penacho, no compadrio, na corrupção legal. Não temos partidos com linhas políticas, temos partidos com gatafunhos ideológicos. Isto dói-me muito. A política não pode ser profissão, tem de ser serviço.
Sol - Profissão e trampolim?
FV - Sim, sim. A pisar os outros e a passar uma mensagem negativa para o resto do mundo. No ensino não lembra a ninguém inteligente o que está a acontecer em Portugal com o Magalhães, que é simples manobra de propaganda política, é pó-de-arroz do primeiro-ministro, que bem precisa, coitado! Precisa de lifting, de peeling, de tudo. Parece que está tudo maluco. Costumo dizer que metade do mundo está maluco e a outra metade toma pastilhas. Tenho andado, nestes últimos tempos, a tratar de arranjar dinheiro para abrir poços em Timor-Leste. Quando chego a Portugal e ouço o Presidente da República de um país - para o qual ando a pedir dinheiro para fazer poços, para dar água às pessoas _- dizer que vem comprar a dívida do meu país, alguém está a brincar com a minha cara. Ou então estão a brincar com os timorenses! Eu não podia acreditar. Este homem [Ramos-Horta] não é Presidente de Timor, de certeza. Eu ando a ver se lhe arranjo dinheiro para lhe abrir um poço, na terra dele. E ele vem tentar tapar o poço económico do meu país. Fantástico!

Excerto da entrevista de Frei Fernando Ventura ao jornal "Sol" (30.11.2010)

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sufoco da inteligência ?!

"Todos os regimes cuidam de sufocar a inteligência, que não só é desnecessária nos termos de seja que forma for de organização, mas constitui, além disso, um factor adverso e, por conseguinte, uma ameaça. As pessoas de bom senso, por exemplo, põem-se interrogações assustadoras, subversivas. (...) As ditaduras suprimem a liberdade de pensamento (e, com frequência, também o pensador). Em democracia, cada cabeça vale um voto, ainda que se trate de uma cabeça oca. Todas as formas de domínio procuram impor a uniformidade dos pensamentos, dos desejos, do mesmo modo que visam massificar os indivíduos e vinculá-los a um modelo comum de imbecilidade.
Tal é a essência do poder. Que resulta das escolhas evolutivas e culturais da nossa espécie. O «homem massa» da moderna sociedade industrial (dissuadido de pensar, ensinado a alimentar desejos idênticos aos dos seus semelhantes, porque impostos por sistemas de condicionamento extremamente eficazes), o homem que se limita a saber desempenhar uma função, é o produto de um processo evolutivo que dura há milénios e se orienta para a repressão da inteligência. Quem diz «não me agrada», considera: «A evolução confundiu tudo.» Será verdade?"
Pino Aprile, Elogio do imbecil, Publicações D.Quixote, 2003.
Num tempo de crise, o pior que nos pode acontecer é o sufoco da inteligência...
... E há quem esteja apostado nisso!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Deus envia o Seu Filho

Deus envia o seu Filho para Salvar o Mundo
Dibujos de Fano (via Professorado de Religión)

Autores bíblicos

"Eram orientais e nós viemos entretanto a saber que as pessoas no Oriente de então e, até certo ponto, ainda as de hoje, pensam e escrevem muito diversamente de um pensador «ocidental» europeu. Encontrei num exegeta (cientista da Bíblia) a narrativa de uma história que te pode ajudar a esclarecer algumas coisas:
Numa tenda, em redor de uma fogueira, alguns beduínos estão sentados, ao entardecer. Têm no meio deles, um hóspede do Ocidente. Onde houver orientais contam-se histórias. Quanto mais bela for a história, com maior certeza o hóspede do Ocidente perguntará no fim: «Isso é tudo realmente verdade?» Olham para ele sem compreender. O que terá o homem? Se é verdade? Então ele não sabe que sim, que é verdade? - O hóspede dá conta que não o compreenderam e explica: «Sim, eu gostava de saber se isso aconteceu realmente assim.» Resposta: «Se assim aconteceu é secundário, a verdade não é isso. A verdade é o que a história quer dizer!» (Max Zerwick)".
In: "A Bíblia e os jovens", de Gerhard Debbrecht
Eis aqui a razão de um ocidental ter tanta dificuldade de se abeirar dos textos bíblicos...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Boato

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Agradar

Júlio Magalhães no "Janela Indiscreta":

Qual o seu lema de vida?
"Agradar a toda a gente".

In "Sol" de 22.10.2010

Para um Director de Informação da TVI, não está nada mal...

Será possível uma informação que agrade a toda a gente?... Que não incomode ninguém?...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Só agora, Ulrich?

Já agora, esse senhor banqueiro de que falava no post anterior, o tal Fernando Ulrich, referiu (acusou...) que só não foi feita a fusão BCP-BPI por razões políticas... [Lembram-se para onde foi o Vara?... (digo eu)].
Mas como muito bem lembra Rui Costa Pinto, no seu Blogue, porquê só agora Ulrich fala assim, quando o dito possível negócio remonta a 2007 ?

Os governos enfraquecem e as pessoas começam a sentir-se à vontade para falar...

Ia ser lindo...

É preciso liberalizar o despedimento individual de trabalhadores, disse Fernando Ulrich, presidente do BPI, num pequeno-almoço promovido pelo "Jornal de Negócios".
Segundo ele, esta seria uma das medida indispensáveis para o país (neste tempo de crise).
Só posso dizer que estes senhores entraram num ponto "estratosférico" do pensamento, onde tudo se rege por números, acções e cifrões...
Será que uma tal liberalização (Deus nos livre nosso Senhor...) não iria causar muitos mais danos à sociedade, do que aquilo que o douto senhor afirma ir resolver?...
Imagine-se os nossos empregadores com uma arma dessas nas mãos... Ia ser lindo...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fala por si...

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Encontrei há anos esta sequência numa rúbrica do "Público", intitulada "Histórias de amor".

Nem precisa de comentários...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Comodismo...

A mobilização para “ideias novas que possam construir” é algo que ajuda também a ultrapassar a crise. “Se Jesus viesse cá tinha de arranjar mais uma palavra na cruz: tudo está acomodado, em vez de tudo está consumado” – disse D. Carlos Azevedo, à margem de um debate na UCP, no passado dia 20. E acrescenta: “o comodismo das pessoas é evidente”. As pessoas estão “acomodadas” e “não se revoltam contra todo um conjunto grave de situações”. E adianta: “à Igreja compete mobilizar as pessoas”.

Papel do sindicalismo

"Para se compreender o papel do sindicalismo, em bom rigor, da defesa organizada de interesses numa democracia, pode fazer-se este exercício que em muitos sítios é tudo menos absurdo.
Imaginem que, em Portugal, em 2010, não havia sindicatos, nem os que existem (na sua maioria influenciados pelo PCP através da CGTP), nem quaisquer outros. Uma coisa seria certa, os salários seriam muito mais baixos, os desempregados muitos mais, o trabalho precário a norma, a vida dos trabalhadores muito mais fragilizada e a economia não seria muito diferente. Pelo contrário, teria continuado a viver de uma competitividade à custa dos baixos salários, mas mesmo assim longe dos salários chineses e indianos, romenos ou búlgaros. Haverá quem diga que não há problema porque é assim nos EUA, mas a verdade é que não é assim nos EUA. Nos EUA há legislação laboral, sindicatos e uma muito diferente mobilidade social, profissional e geográfica. E é para cima, por regra. Haverá também quem diga que não faria mal à competitividade da economia portuguesa uma nova “flexibilidade” especialmente com maior facilidade de despedir e empregar e menos rigidez da legislação laboral.
É verdade, mas coloquem-se no lugar de alguém que tem emprego, e perguntem-lhe se está disposto a perdê-lo ou a torná-lo mais precário em nome da reparação da economia e da sua competitividade. Não está, porque uma coisa é a racionalidade económica e outra a expressão de interesses individuais e colectivos que partem das circunstâncias concretas das pessoas".
Pacheco Pereira, in revista "Sábado" e blogue "Abrupto"

D.Jorge Ortiga e a Greve Geral

A greve “é um direito que assiste aos trabalhadores e é uma oportunidade que os portugueses têm de manifestar a sua insatisfação”, diz o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
D. Jorge Ortiga comenta assim à Renascença a greve geral desta quarta-feira.

“Um dia de greve é muito pouco. O povo português terá que se habituar a uma Democracia mais participada e mais responsável e manifestar-se não apenas nesta conjuntura mas também diante de determinadas leis que são prejudiciais para a sociedade”, disse.
O Arcebispo de Braga acrescenta que “é hora de todos darem as mãos e do povo português não se contentar com o dia do voto”.
“É preciso muito mais que o voto. O povo terá que estar alerta e, porventura, ter uma participação mais crítica, com propostas e com manifestação de desejos de modo mais espontâneo e natural”, acrescenta.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Serviu para quê?...







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ACONTECIMENTO NACIONAL DO ANO 2006 (Segundo o "Expresso"): A DIETA DO ESTADO (O emagrecimento do Estado) !

E Teixeira dos Santos aparece como "a cara do emagrecimento"...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Homilia de Bento XVI na Catedral da SSTrindade

Amadísimos Hermanos y Hermanas en el Señor:

«Hoy es un día consagrado a nuestro Dios; no hagáis duelo ni lloréis… El gozo en el Señor es vuestra fortaleza» (Neh 8,9-11). Con estas palabras de la primera lectura que hemos proclamado quiero saludaros a todos los que estáis aquí presentes participando en esta celebración. (...)
Este día es un punto significativo en una larga historia de ilusión, de trabajo y de generosidad, que dura más de un siglo. En estos momentos, quisiera recordar a todos y a cada uno de los que han hecho posible el gozo que a todos nos embarga hoy, desde los promotores hasta los ejecutores de la obra; desde los arquitectos y albañiles de la misma, a todos aquellos que han ofrecido, de una u otra forma, su inestimable aportación para hacer posible la progresión de este edificio.

Y recordamos, sobre todo, al que fue alma y artífice de este proyecto: a Antoni Gaudí, arquitecto genial y cristiano consecuente, con la antorcha de su fe ardiendo hasta el término de su vida, vivida en dignidad y austeridad absoluta. Este acto es también, de algún modo, el punto cumbre y la desembocadura de una historia de esta tierra catalana que, sobre todo desde finales del siglo XIX, dio una pléyade de santos y de fundadores, de mártires y de poetas cristianos. Historia de santidad, de creación artística y poética, nacidas de la fe, que hoy recogemos y presentamos como ofrenda a Dios en esta Eucaristía.

La alegría que siento de poder presidir esta ceremonia se ha visto incrementada cuando he sabido que este templo, desde sus orígenes, ha estado muy vinculado a la figura de san José. Me ha conmovido especialmente la seguridad con la que Gaudí, ante las innumerables dificultades que tuvo que afrontar, exclamaba lleno de confianza en la divina Providencia: «San José acabará el templo». Por eso ahora, no deja de ser significativo que sea dedicado por un Papa cuyo nombre de pila es José.

¿Qué hacemos al dedicar este templo? En el corazón del mundo, ante la mirada de Dios y de los hombres, en un humilde y gozoso acto de fe, levantamos una inmensa mole de materia, fruto de la naturaleza y de un inconmensurable esfuerzo de la inteligencia humana, constructora de esta obra de arte. Ella es un signo visible del Dios invisible, a cuya gloria se alzan estas torres, saetas que apuntan al absoluto de la luz y de Aquel que es la Luz, la Altura y la Belleza misma. En este recinto, Gaudí quiso unir la inspiración que le llegaba de los tres grandes libros en los que se alimentaba como hombre, como creyente y como arquitecto: el libro de la naturaleza, el libro de la Sagrada Escritura y el libro de la Liturgia.

Así unió la realidad del mundo y la historia de la salvación, tal como nos es narrada en la Biblia y actualizada en la Liturgia. Introdujo piedras, árboles y vida humana dentro del templo, para que toda la creación convergiera en la alabanza divina, pero al mismo tiempo sacó los retablos afuera, para poner ante los hombres el misterio de Dios revelado en el nacimiento, pasión, muerte y resurrección de Jesucristo. De este modo, colaboró genialmente a la edificación de la conciencia humana anclada en el mundo, abierta a Dios, iluminada y santificada por Cristo. E hizo algo que es una de las tareas más importantes hoy: superar la escisión entre conciencia humana y conciencia cristiana, entre existencia en este mundo temporal y apertura a una vida eterna, entre belleza de las cosas y Dios como Belleza.

Hemos dedicado este espacio sagrado a Dios, que se nos ha revelado y entregado en Cristo para ser definitivamente Dios con los hombres. La Palabra revelada, la humanidad de Cristo y su Iglesia son las tres expresiones máximas de su manifestación y entrega a los hombres. (...) En Él tenemos la Palabra y la presencia de Dios, y de Él recibe la Iglesia su vida, su doctrina y su misión. La Iglesia no tiene consistencia por sí misma; está llamada a ser signo e instrumento de Cristo, en pura docilidad a su autoridad y en total servicio a su mandato.
Apoyados en esa fe, busquemos juntos mostrar al mundo el rostro de Dios, que es amor y el único que puede responder al anhelo de plenitud del hombre. Ésa es la gran tarea, mostrar a todos que Dios es Dios de paz y no de violencia, de libertad y no de coacción, de concordia y no de discordia. En este sentido, pienso que la dedicación de este templo de la Sagrada Familia, en una época en la que el hombre pretende edificar su vida de espaldas a Dios, como si ya no tuviera nada que decirle, resulta un hecho de gran significado. Gaudí, con su obra, nos muestra que Dios es la verdadera medida del hombre.

Que el secreto de la auténtica originalidad está, como decía él, en volver al origen que es Dios. Él mismo, abriendo así su espíritu a Dios ha sido capaz de crear en esta ciudad un espacio de belleza, de fe y de esperanza, que lleva al hombre al encuentro con quien es la Verdad y la Belleza misma. Así expresaba el arquitecto sus sentimientos: «Un templo [es] la única cosa digna de representar el sentir de un pueblo, ya que la religión es la cosa más elevada en el hombre».

Esa afirmación de Dios lleva consigo la suprema afirmación y tutela de la dignidad de cada hombre y de todos los hombres: «¿No sabéis que sois templo de Dios?... El templo de Dios es santo: ese templo sois vosotros» (1 Co 3,16-17). He aquí unidas la verdad y dignidad de Dios con la verdad y la dignidad del hombre. Al consagrar el altar de este templo, considerando a Cristo como su fundamento, estamos presentando ante el mundo a Dios que es amigo de los hombres e invitando a los hombres a ser amigos de Dios. Como enseña el caso de Zaqueo, del que se habla en el Evangelio de hoy (cf. Lc 19,1-10), si el hombre deja entrar a Dios en su vida y en su mundo, si deja que Cristo viva en su corazón, no se arrepentirá, sino que experimentará la alegría de compartir su misma vida siendo objeto de su amor infinito. La iniciativa de este templo se debe a la Asociación de amigos de San José, quienes quisieron dedicarlo a la Sagrada Familia de Nazaret. Desde siempre, el hogar formado por Jesús, María y José ha sido considerado como escuela de amor, oración y trabajo. Los patrocinadores de este templo querían mostrar al mundo el amor, el trabajo y el servicio vividos ante Dios, tal como los vivió la Sagrada Familia de Nazaret. Las condiciones de la vida han cambiado mucho y con ellas se ha avanzado enormemente en ámbitos técnicos, sociales y culturales. No podemos contentarnos con estos progresos.

Junto a ellos deben estar siempre los progresos morales, como la atención, protección y ayuda a la familia, ya que el amor generoso e indisoluble de un hombre y una mujer es el marco eficaz y el fundamento de la vida humana en su gestación, en su alumbramiento, en su crecimiento y en su término natural. Sólo donde existen el amor y la fidelidad, nace y perdura la verdadera libertad. Por eso, la Iglesia aboga por adecuadas medidas económicas y sociales para que la mujer encuentre en el hogar y en el trabajo su plena realización; para que el hombre y la mujer que contraen matrimonio y forman una familia sean decididamente apoyados por el Estado; para que se defienda la vida de los hijos como sagrada e inviolable desde el momento de su concepción; para que la natalidad sea dignificada, valorada y apoyada jurídica, social y legislativamente. Por eso, la Iglesia se opone a todas las formas de negación de la vida humana y apoya cuanto promueva el orden natural en el ámbito de la institución familiar.

Al contemplar admirado este recinto santo de asombrosa belleza, con tanta historia de fe, pido a Dios que en esta tierra catalana se multipliquen y consoliden nuevos testimonios de santidad, que presten al mundo el gran servicio que la Iglesia puede y debe prestar a la humanidad: ser icono de la belleza divina, llama ardiente de caridad, cauce para que el mundo crea en Aquel que Dios ha enviado (cf. Jn 6,29).

Via Religión en Liberdad

domingo, 7 de novembro de 2010

Professor, veja o que pode fazer...

Eis a carta que um pai do século XIX escreveu ao professor do seu filho. Há quem a atribua a Abraham Lincoln. Há quem conteste tal atribuição. Mas isso também é o que menos interessa. O que interessa mesmo é o seu (espantoso) conteúdo.
Caro professor, o meu filho terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, por cada vilão há um herói, que por cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que por cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando está triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram. Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.Eu sei que estou a pedir muito, mas veja o que pode fazer, caro professor.
Este texto apareceu num blogue da minha terra. "Asas da Montanha".

sábado, 6 de novembro de 2010

Conviver com a Morte!

Do meu homónimo da Lombardia:

"A graça e a consolação do Espírito Santo estejam sempre convosco. A vossa carta encontrou-me ainda vivo na região dos mortos; mas agora espero ir em breve louvar a Deus eternamente na terra dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo. Se a caridade, segundo S.Paulo, ensina a chorar com os que choram e a alegrar-se com os que estão alegres, muito grande deve ser a alegria de Vossa Senhoria, pela graça que Deus vos concede na minha pessoa, chamando-me à verdadeira alegria e dando-me a segurança de O não poder perder jamais.
Confesso-vos, ilustríssima Senhora, que me perco e arrebato na contemplação da divina bondade, mar sem praia e sem fundo, que me chama a um descanso eterno por um trabalho tão breve e pequeno; que me convida e chama ao céu para aí me dar aquele soberano bem que tão negligentemente procurei, e que me promete o fruto daquelas lágrimas que tão parcamente derramei.
Por conseguinte, ilustríssima Senhora, considerai bem e ponde todo o cuidado em não ofender esta bondade de Deus, como certamente aconteceria se viésseis a chorar como morto aquele que vai viver na contemplação de Deus e que maiores serviços vos fará com as suas orações do que em esta terra vos prestava. A nossa separação será breve; lá no Céu nos voltaremos a ver; lá seremos felizes e viveremos para sempre juntos, porque estaremos unidos ao nosso Redentor, louvando-O com todas as forças da nossa alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma novamente o que nos tinha dado, não o faz senão para o colocar em lugar mais seguro e ao abrigo de qualquer perigo, e para nos dar aqueles bens que acima de tudo desejamos.
Digo isto para que Vós, Senhora minha Mãe, e toda a família, aceiteis a minha morte como um dom precioso da graça. Escrevo-vos com tanto maior prazer quanto é certo que não me resta outra ocasião para vos testemunhar o respeito e o amor filial que vos devo".
De uma carta de S.Luís de Gonzaga a sua mãe (in: Liturgia das Horas).
Foi uma carta que me marcou, desde que a li pela primeira vez. Escrita por um santo com o meu nome, que morreu com 23 anos (em 1591) já depois de ter entrado na Companhia de Jesus.
A SUA FÉ É ALIMENTO PARA A NOSSA ESPERANÇA!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CÂNTICO À VIDA


"Nas últimas décadas tem vindo a estender-se sobre os horizontes da nossa sociedade a noite escura de um certo nihilismo pelo qual perdem valor e actualidade os ideais antigos e as utopias modernas. Será que todo o labor da história está destinado a dormir entre ruínas e esquecimentos? Terá sido inútil a passagem da alegria pelos nossos corações? Não. (...)

Para quê perder o olhar no horizonte? O sentido e a essência dormem na casa de cada um.

A vida canta nos nossos silêncios e sonha enquanto dormimos. Ainda que naveguemos entre penas e tristezas, entre medos e ansiedades, e a contradição seja o companheiro de caminho, a vida sorri à luz do sol e é livre, mesmo que arraste correntes. Seja dramática ou gozosa, como não dizer sim à vida? Companheiros, até ao cume sagrado!

(...)

Neste andar pela vida morreremos muitas vezes, deixando de ser o que somos, para iniciar novas etapas de múltiplas possibilidades que nos esperam em cada fragmento, em que a cada decadência sucederá uma ressurreição, porque a vida é assim: não morre nunca.

(...)

Amar a vida é darmo-nos generosamente aos sucessivos renascimentos. O início de um projecto é começar a viver. Há que explorar novas praias onde poder cantar e, a partir daí, navegar em águas profundas até tocar no fundo, onde se encontram as causas últimas".

Ignacio Larrañaga, As forças da decadência, Paulus Ed. 2004.

domingo, 31 de outubro de 2010

Do que a lei a cada momento definir...

Se é funcionário público, deve ler o que vem no ponto III.2.1.2.(Despesas com Pessoal) do Relatório do Orçamento de Estado para 2011:

"Relativamente ao universo de pessoas abrangido pelas medidas de austeridade que integram a função pública, considera-se que nesta esfera, apesar de vigorar o princípio da protecção da confiança, ínsito na ideia do Estado de Direito Democrático, a característica mais importante do seu regime jurídico estatutário é o facto dos seus direitos e deveres decorrerem do que a lei a cada momento definir com vista à prossecução do interesse público, princípio a que qualquer trabalhador em funções públicas está afecto. Independentemente do vínculo, e mesmo no actual enquadramento legal que consagra a modalidade de contrato à maioria dos trabalhadores em funções públicas, o regime remuneratório destes trabalhadores assume sempre natureza estatutária na medida em que depende da aferição, em cada momento, do que é considerado interesse público. A confirmar esta posição está o facto da garantia da irredutibilidade das remunerações da função pública não ter directa protecção constitucional, nem estar estruturada com a dimensão de princípio constitucional".
Prepare-se para o que aí vem... no futuro!

TEMPO PARA O ESSENCIAL

Passamos a vida à espera de ter tempo...
E o pior é que o tempo que esperamos, é tempo para o essencial...
Sim,
tempo para repensar a vida ou para rezar;
tempo para responder às cartas ou para visitar um doente;
tempo para dialogar problemas ou para ouvir os outros;
tempo para descansar ou para programar calmamente o futuro...
Passamos a vida à espera de ter tempo, ou então, a trabalhar afadigadamente para depois ter tempo.
Mas, tanto nos viciamos nesta lufa-lufa que das duas uma:
ou caímos de cansados,
ou quando esse tempo vem,
já não sabemos senão esgotá-lo na rotina que criámos.
O tempo não é inesgotável
e foi-nos dado para o essencial;
importa começar por abrir nele,
no tempo que hoje nos é dado,
clareiras destinadas ao essencial,
porque o resto pode esperar.
Se colocamos esse essencial
no horizonte longínquo dos nossos ideais,
corremos o risco dramático de não chegar a viver
e a nossa existência seria uma oportunidade perdida.
Carlos Paes
(citado por Ilda Pires)

domingo, 24 de outubro de 2010

Para reflectir...

"Nenhuma organização humana pode viver fora do princípio da realidade. Perder de vista este princípio, é perder também o sentido e, a prazo, ficar louco. É o que se reprova, a justo título, à burocracia e à hipertrofia administrativa".

Michel Crozier
(citado por José Matias Alves)

Site: "Desmitos"

Há um site que, nestes tempos conturbados, vale a pena ler. É de Álvaro Santos Pereira, viseense doutorado em Economia pela Universidade de Vancouver; docente no departamento de Economia da Universidade de York; articulista em vários jornais portugueses e autor de um livro muito equilibrado , intitulado "Os mitos da economia portuguesa":

http://desmitos.blogspot.com/

sábado, 23 de outubro de 2010

XXX Domingo do Tempo Comum

☞ Lucas é o evangelista que mais se interessa pelo tema da oração e que faz do seu Evangelho um manual de catequeses sobre a oração. Vamos fixar-nos numa dessas catequeses, que assume a forma de parábola (Lc 18, 9-14).

☞ Dois homens subiram ao templo para orar. O fariseu orava na 1ª fila, vangloriando-se diante de Deus de todas as suas boas obras e sentindo-se mais digno do que o publicano que ficara junto à porta (VV. 11-12). O publicano, pelo contrário, não se atrevia a erguer os olhos, mas batia no peito, repetindo “Tem piedade de mim que sou pecador” (V. 13).

☞ Na realidade, o fariseu não reza diante de Deus, mas diante do seu próprio eu. Ora diante de um espelho no qual projecta a sua própria imagem maquilhada. Não há diálogo na sua oração, mas um longo monólogo… Que espaço reservaria para Deus nessa oração? Só o de espectador a quem cabe aplaudir no fim. Mas Jesus quer dizer-nos que não aplaude esse tipo de orações.

☞ O Evangelho fala de dois homens, um fariseu e outro publicano, mas na realidade, não é tanto a duas pessoas distintas que se quer referir, mas a duas atitudes que travam combate dentro de nós. Tenho que descobrir que há em mim um pouco de um e um pouco de outro. Se não o reconhecer, será fácil inverter a parábola. Há também quem dê graças a Deus por ser pecador, por não ser como os desprezíveis fariseus virtuosos. Quantas vezes encontramos na vida publicanos que invertem a parábola! As palavras mudam, mas a música continua a ser a mesma.

☞ É muito difícil apresentar-nos diante de Deus como pecadores! Todas as vezes que nos surpreendemos a nós mesmos como culpados de algum flagrante delito, a primeira coisa que fazemos é fugir do rosto de Deus como Adão (“cheio de medo, escondi-me”). Como hei-de apresentar-me assim diante de Deus? Não aguento tal vergonha…

☞ …Aquilo que costumamos fazer nestes casos é tratar de restaurar, por nossa conta, a auto-estima ferida, praticando alguma boa obra. E depois de compormos sozinhos a nossa imagem, então recorremos a Deus na oração e apresentamo-nos “dignos”.

☞ Imaginemos uma mulher que precisa de ir à cabeleireira, mas que diz para consigo: “Como vou apresentar-me diante da cabeleireira com este cabelo?” Decide arranjá-lo primeiro e, depois de estar apresentável, é que vai à cabeleireira.
Se acharmos ridícula esta história daremos conta de como é ridícula a nossa atitude para com Deus.
Vou à oração precisamente para que Deus me devolva a minha auto-estima perdida; e não tenho necessidade de a recuperar pelos meus próprios méritos. Posso apresentar-me diante de Deus com plena consciência do meu pecado.

☞ Mais grave seria que, se me recusasse a apresentar-me diante de Deus como pecador, me privaria da maravilhosa experiência de descobrir que Deus me ama e me acolhe. É Ele que me devolve a “graça”, que me põe o anel no dedo, as sandálias e a túnica branca (Lc 15,22).

☞ Só se percebe a ternura de Deus a partir da realidade do pecado. Se não quiser apresentar-me diante de Deus com o meu pecado, privo-me de descobrir a sua ternura, ou seja, o seu amor por quem é imperfeito. “Diante de Deus podes ser o pecador que és, não precisas de te maquilhar” (D.Bonhoeffer).

☞ Se fizermos a experiência da ternura de Deus como fez o publicano, como será fácil sentir ternura pelos outros apesar da sua condição de pecadores! O que o fariseu tinha de pior, não era a sua auto-complacência, mas o desprezo que sentia pelo publicano. Se nos sentirmos perdoados gratuitamente, sem mérito algum da nossa parte, não cederemos à tendência de passar a vida a julgar os outros.
Baseado no livro de Martín-Moreno, A Bíblia escola de oração, Editorial A.O., Braga.

domingo, 17 de outubro de 2010

A todas as horas

(foto do site: Professorado de religión)

Rezemos a todas as horas...
E porque não, também por este país tão necessitado de uma ajuda divina!

sábado, 16 de outubro de 2010

Parábola


"Proponho à tua consideração a seguinte parábola de vida: um autocarro carregado de turistas atravessa uma belíssima região cheia de lagos, montanhas, rios e pradarias. Porém, as cortinas estão fechadas e os turistas, que não têm a mínima ideia do que há do outro lado das janelas, passam a viagem a discutir quem deve ocupar o melhor assento do autocarro, quem deve ser aplaudido, quem é mais digno de consideração... E assim prosseguem até ao final da viagem."

Anthony de Mello, Una llamada al amor.(imagem do Google)

sábado, 9 de outubro de 2010

Fragilidade da evidência (2)


«Mas o que verdadeiramente me inquieta é outro fenómeno, aparentado com o que acabo de mencionar, e que afecta particularmente a exposição ou comunicação das ideias. Quando se afirma, oralmente ou por escrito, algo que é evidente, aquele que o ouve ou lê “vê” por sua conta, por si mesmo, que aquilo é “assim”. A evidência se impõe com força incontrolável, obriga à sua participação, é uma iluminação que desvela a realidade, torna inteligível, permite possuí-la e fazê-la “própria”.
Não obstante, é provável que, salvo excepções pessoais que podem ser contadas, essa situação dure pouco. Aquele que viu com evidência algo e compartilhou essa iluminação sente depois que isso se enfraquece como o fazia antes dessa descoberta, “recai” no estado anterior, perde a evidência que parecia conquistada.
Essas “recaídas” são decisivas. (…) Tão logo cessa o esforço intelectual, cede a tensão que conduziu à evidência, voltam as vigências em que se estava, sobrepõem-se ao que em certo momento se viu com clareza, fazem que seja esquecido e se desvaneça.
Isso ocorre sobretudo quando se muda de perspectiva. Isto é, num contexto determinado, quando se percebeu essa verdade evidente, foi ela compreendida e compartilhada; mas se se volta o olhar noutra direcção, se se pensa – e sobretudo se se “vive” – em dimensões diferentes, produz-se uma estranha evaporação da evidência mal possuída e, por isso, falo da sua fragilidade.
Isso me parece extraordinariamente grave. É o maior obstáculo à difusão do verdadeiro, justificável, responsável. Ganha-se e perde-se, de acordo com os momentos, as épocas, as situações sociais. Nalgumas, perde-se mais do que se ganha. É a explicação dos grandes desastres que sobrevêm a parcelas da humanidade e que se mostram inexplicáveis, se não se leva em conta esse risco permanente.

O pensamento – falemos agora só do ocidental – foi descobrindo durante séculos verdades resplandecentes, que levaram a entender a realidade de modo que possa resistir às deformações e erros, a todas as usurpações. E, no entanto, esses mesmos países sucumbiram a verdadeiras inundações de erros crassos, que submergiram as evidências adquiridas por meio de geniais e contínuos esforços criadores. Uma espécie de maré alta de falsidades estabelecidas passa por cima das realidades descobertas por séculos de tensão criadora e veracidade, de amor à verdade».

Julián Marias, Tratado sobre a convivência, Martins Fontes Ed., São Paulo 2003, pp. 100-104

Fragilidade da evidência (1)

«Aquele que tem vocação de buscar a verdade, se não se contenta com aproximações ou meros vislumbres, se põe à prova o que pensou, pode chegar a uma experiência deslumbrante, fascinante, o maior prémio do esforço intelectual: a evidência.
Ele chega a ver algo que é “assim”. Compreende-o e, ao mesmo tempo, descobre sua justificação: vê porque é tal com o que está vendo; em alguns casos, essa visão é acompanhada pela de sua necessidade: “tem de ser assim”. Esse é o ápice de um processo intelectual digno desse nome.
Não é frequente, mas algo especialmente difícil; requer um grande esforço do que mais se regula: pensar. Não ler, observar, fazer experimentos ou estatísticas, mas olhar, ensaiar diversas perspectivas, examinar a questão de diversos pontos de vista, estabelecer conexões – nisso consiste a razão, distinta da mera inteligência -, tentar invalidar o que se entreviu, até assegurar-se de que o esforço é vão, de que isso que se viu é “assim”. O extraordinário filósofo Gratry, tão esquecido, dizia: “Tout ce qu’un homme a vu est vrai” (tudo o que um homem viu é verdade). A palavra decisiva é “viu”; se se omite parte do que se viu, se se acrescenta algo que não se vê, o resultado pode não ser verdade.
O que costuma acontecer é que não se parta da evidência para apoiar-se nela; prefere-se tomar como realidade o que “se diz” – no uso comum ou no que tem pretensões científicas, desprezando o que se impõe à visão. Se se analisa a maior parte do que se diz e se escreve, pode comprovar-se isso que parece uma inversão da hierarquia justa, do que pode ajudar a possuir a verdade e possuí-la. Daí a insatisfação que procede de grande parte da produção intelectual do nosso tempo – e de outros que não são os nossos, mas que foram afectados por situações parecidas.
Sente-se, às vezes, a necessidade de ler ou reler algumas páginas em que a evidência era buscada e, se encontrada, era reconhecida e respeitada. Seus autores são os que merecem ser designados de “clássicos” do pensamento e que nem sempre são os mais famosos». (continua)
Julián Marías

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A LOJA DA VERDADE

«Mal pude crer nos olhos quando vi o nome do lugar: a Loja da Verdade. Ali eles vendiam a verdade!
A moça do balcão foi delicada: que tipo de verdade eu procurava… só parte dela ou a Verdade total?
A Verdade total, naturalmente. Nada de decepções para meu lado, nem gosto de racionalizações.
Eu disse que gostava da Verdade muito clara, bem simples, bem inteira.
Ouvindo isto, ela, então, conduziu-me para o outro lado do balcão onde vendiam, somente aí, a tal Verdade inteira. O comerciante olhou-me compassivo e mostrou-me a etiqueta com o preço: “Como assim?”, perguntei determinado a conseguir, custasse o que custasse a Verdade total.
“É que… se o senhor levar esta Verdade, o preço que por ela pagará será não ter mais descanso na vida.”
Foi o que disse o homem do balcão e eu, triste, afastei-me daquela loja porque pensava, eu tolo, que podia achar Verdade inteira e… baratinha.
Não estou pronto ainda para ela; quero descanso e paz, de vez em quando, mas sinto que preciso ainda usar defesas de racionalizações e desculpas, escondendo-me atrás dessas muralhas que levantei com crenças imbatíveis».
Anthony de Mello, S.J., O canto do pássaro.
As pessoas vivem mais facilmente com as meias verdades ou com as tais verdades "baratinhas"...

Ridículo...

"Se abrissem a cantina da Assembleia da República à noite, eu ia lá jantar. Eu e muitos outros deputados da província. Quase não temos dinheiro para comer", afirmou Ricardo Gonçalves ao CM, repetindo o que tinha dito na última reunião do grupo parlamentar do PS, perante as medidas de austeridade do Governo.
O deputado socialista, que aufere cerca de 3700 euros mensais, reagiu assim ao corte de 5% que será aplicado de forma progressiva na Função Pública a quem recebe mais de 1500 euros. "Tenho 60 euros de ajudas de custos por dia. Temos de pagar viagens, alojamento e comer fora. Acha que dá para tudo? Não dá", referiu Ricardo Gonçalves para argumentar a sugestão que fez de a Assembleia da República abrir a cantina à hora do jantar.
Ricardo Gonçalves admite que lançou um repto irónico aos colegas de bancada, mas afirma que o assunto é sério, e que a classe política também é muito atingida pelas medidas de austeridade. "Estamos todos a apertar o cinto, e os deputados são de longe os mais atingidos na carteira", reafirma o socialista Ricardo Gonçalves.
In "Correio da Manhã"
Deixo uma sugestão: porque não volta para a escola onde é efectivo, dar aulas de Filosofia?...

domingo, 3 de outubro de 2010

Podia ser diferente? Sim, e não seria a mesma coisa!


"Ai quereis cortes, pois aqui vão!

Do Orçamento de Estado dependem 13.740 instituições que compõem as administrações públicas. Só primos mais afastados, dependem do "grande irmão" 639 fundações, 343 empresas municipais, 1182 empresas públicas, 356 institutos públicos, 485 associações sens fins lucrativos, e ainda 166 outras instituições de classificação indefinida.

Deixo fora as 5271 instituições que compõe a administração central, 5094 a local e 204 que completam a regional. Querem convencer-me de que todas aquelas instituições são essenciais à manutenção do Estado português e à realização do seu desígnio? E as Parcerias Público-Privadas? E as SCUT, onde uns andam e não pagam e outros pagam e não andam? (...)

O Governo propôs agora significativos cortes e aumentos de impostos. Podia ser diferente? Sim, e não seria a mesma coisa!"


João Duque, no "Expresso" de 2.10.2010

terça-feira, 28 de setembro de 2010

E hoje como é?


«Em 1905, [Afonso] Costa ingressou na Maçonaria, um ritual de passagem para todos os aspirantes a políticos em Portugal.»


(frase citada por António Balbino Caldeira; foto da NET)


E hoje como é?...


sábado, 25 de setembro de 2010

Eduquem o povo

Estaremos nós irremediavelmente perdidos?...
Manuel Laranjeira não é dos que defende isso...
"Submeta-se esse desgraçado povo, criminosamente desprezado e levianamente caluniado, à prova decisiva: eduquem-no, intensamente, tenazmente, sem desfalecimento, e vê-lo-ão florescer e progredir como os povos cheios de saúde".

O mal português, segundo Laranjeira

Neste Verão dediquei-me a ler um pouco sobre autores portugueses do virar do século XIX para o XX (já que estamos em vésperas de centenário da República).
Um desses autores é Manuel Laranjeira, que escreveu um livrito chamado "O pessimismo nacional", que é a compilação de uma série de quatro artigos, escritos entre o fim de 1907 e início de 1908 para o jornal "O Norte".
Aí, ele escrevia coisas como estas:
"O mal da sociedade portuguesa é apenas este - a desagregação da personalidade colectiva, o sentimento de interesse nacional abafado na confusão caótica dos sentimentos de interesse individual. (...) O mal na verdade é profundo. E, de facto, o povo português tem amargas razões, razões de sobra, para ser pessimista.
A verdade é que na sociedade portuguesa a noção de personalidade colectiva, o sentimento de vida nacional, o sentimento de pátria se quiserem, não existe sobrepondo-se a todos os outros sentimentos de interesse individual. Existe apenas o sentimento e o espírito intolerante de seita, existe apenas o interesse da quadrilha, mascarados por um messianismo avariado, de ínfima qualidade.
Um dos aspectos mais típicos da vida portuguesa e um dos seus males mais funestos é a sua prodigiosa fertilidade messiânica. A cada passo surge um homem que se sente com envergadura e ventre de messias. Por cada messias que aborta, pululam inesgotavelmente centos de messias, toda uma falperra de messias. E, enquanto a nação rola à aventura de messianismo em messianismo, a sociedade portuguesa, lentamente, infatigavelmente, vai-se dissolvendo e desagregando".

Amor efectivo

Cristo da Concórdia (via NET)

Certo homem caiu num poço e não conseguiu sair de lá.
Uma pessoa subjectiva passou e disse:- Sinto muito que estejas aí, no fundo do poço.
Uma pessoa objectiva, olhando-o, declarou:- Estava-se mesmo a ver que alguém havia de cair neste poço.
Um fariseu exclamou:- Só pessoas más é que caem em poços.
Um cientista pôs-se a calcular a pressão necessária para tirar o homem de dentro do poço.
Um geólogo espreitando para dentro sugeriu:- Aí dentro podes apreciar as rochas do poço.
Um gabarola proclamou:- Isso não é nada, havias de ver o meu poço.
Um psicólogo aconselhou:- Tudo o que tens a fazer é convencer-te que não estás num poço.
O optimista advertiu:- Podia ser bem pior.
O repórter quis logo o exclusivo da história do homem que caiu no poço.
O moralista disse:- Se me tivesses escutado, não estarias agora nesse poço.
Um pregador retorquiu:- O teu poço é apenas um estado de espírito.
Por fim, passou Jesus. Vendo o homem, estendeu-lhe a mão e tirou-o para fora do poço.
(In: Blogue “Partilhar”).

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E agora a notícia...

"A extinção das escolas primárias é um processo em curso há vários anos, que decorre do despovoamento das aldeias do interior do País e da procura em encontrar melhores condições para as crianças. Mas, apesar de o princípio ser correcto, é necessário acautelar e assegurar a transição saudável para a escola nova, alerta José Morgado, psicólogo. "É preciso aprender a escola antes de aprender as coisas da escola. Ou seja, não se trata apenas de despejar as crianças num espaço novo. É preciso acolhê-las, deixá-las interiorizar as novas rotinas e guiá-las pelo espaço", diz ao DN o investigador do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA). Dentro da sala de aula é preciso garantir que a interacção entre aluno e professor se mantém, pois daí resulta o sucesso escolar, considera. Por isso, transferir a criança de uma turma com 10 alunos para outra com 20 pode ser benéfico, permite melhor socialização. Mas, se for para uma de 30, pode-se perder a chave de aprendizagem, diz.
"As crianças têm grande capacidade de adaptação e, se sentirem segurança, facilmente se integram com outras crianças e adultos", afirma José Morgado, realçando que o argumento da distância agrada mais a pais do que a filhos. "Acham que estar mais perto quer dizer que estão mais seguros." José Morgado está mais preocupado com o tempo que as crianças passam na escola. "Se para os pais dá jeito que fiquem lá doze horas, para a criança isso é uma intoxicação, uma overdose de escola."
Mas, "a dinâmica de encerramento não tem fim à vista, reconhecem Governo e autarquias".
DN, 19.09.2010

Overdose de escola

"Maior risco não é a distância de casa mas a 'overdose' de escola"

Título de notícia no DN de 19.09.2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Exercício prático

Se nos deslocarmos à FNAC, em Coimbra, vale a pena observar as estantes dos livros... Analise-se o espaço dedicado ao esoterismo e afins, em comparação com o espaço dedicado à religião, entendida no sentido que tradicionalmente lhe conferimos...
...Tem ou não razão Gilles Lipovetsky (professor agregado de Filosofia da Universidade de Grenoble e membro do Conseil d'analyse de la société, orgão consultivo do primeiro-ministro de França)?!

Espiritualidade consumista (II)

«Quando domina uma concepção intramundana e subjectiva da salvação, cresce, em paralelo, a comercialização das actividades religiosas e para-religiosas, uma vez que os indivíduos têm a necessidade de encontrar “no exterior” meios de consolidar o seu universo de sentido que a religião institucional não consegue construir. Nenhum exemplo deste fenómeno é tão elucidativo quanto a “nebulosa mística esotérica” e os grupos que se autoproclamam de New Age. No seio deste movimento multiplicam-se as livrarias especializadas e as salas de exposição, toda uma oferta cultural feita de aulas com gurus, de centros de desenvolvimento pessoal e espiritual, estágios de meditação zen e yoga, ateliers sobre os “chakras”, consultas de “medicina espiritual”, cursos de astrologia e numerologia, etc. Visto que as obras de religião e os romances espirituais obtêm um tremendo êxito ao nível de vendas, muitos editores investem neste novo e prometedor nicho. Na sociedade de hiperconsumo, até a espiritualidade se compra e vende. Se é verdade que a reemergência pós-moderna do religioso exprime um certo desencanto face ao materialismo da vida quotidiana, verifica-se também que o fenómeno é cada vez menos alheio à lógica comercial. A espiritualidade tornou-se mercado de massas, produto a comercializar, sector a gerir e a promover.
Simultaneamente, devido ao enfraquecimento das capacidades organizadoras das instituições religiosas, verifica-se uma forte tendência para a individualização do crer e do agir, para a criação de laços particulares e para a relativização das crenças. Hoje, até a espiritualidade funciona em livre-serviço, na expressão das emoções e dos sentimentos, na procura resultante da preocupação com o melhor-estar pessoal.
(…) A reafirmação contemporânea do religioso encontra-se marcada pelos mesmos traços que definem o turboconsumidor experiencial: participação temporária, incorporação comunitária livre, comportamentos à escolha, primazia do melhor-estar subjectivo e da experiência emocional. A este nível, o Homo religiosus afigura-se mais à continuação do Homo consumericus de outras formas que não a sua negação. Não se trata, evidentemente, de reabsorção do religioso pelo consumo: simplesmente, a fórmula do supermercado estende-se aos territórios do sentido, os princípios do hiperconsumo invadem a alma religiosa».

Gilles Lipovetsky, Felicidade paradoxal, Ed. 70, Lisboa 2007, pp. 111-113

A espiritualidade consumista (I)

«Já nem a religião constitui um contrapoder face ao avanço do consumo-mundo. Ao contrário do que se verificava no passado, a Igreja já não privilegia as noções de pecado mortal, já não exalta o sacrifício ou a renúncia. O rigorismo e a culpabilização perderam muita da sua importância, tal como as antigas temáticas do sofrimento e da mortificação. Uma vez que as ideias de prazer e de desejo são cada vez menos associadas à “tentação”, a convicção de que cada um tem que carregar a sua cruz na Terra vai-se esbatendo. Já não se trata tanto de inculcar a aceitação das provas, mas sobretudo de responder à decepção perante mitologias seculares que não conseguiram cumprir a sua promessa e trazer a dimensão espiritual necessária ao desenvolvimento completo da pessoa. De uma religião centrada na salvação no Além, o cristianismo passou a ser uma religião ao serviço da felicidade terrena, colocando a ênfase nos valores da solidariedade e do amor, na harmonia, na paz interior, na realização total da pessoa. Daqui se concluiu que assistimos, não exactamente a um “retorno” do religioso, mas sobretudo a uma reinterpretação global do cristianismo, tendo-se este último ajustado aos ideais de felicidade, hedonismo e desenvolvimento pessoal difundidos pelo capitalismo de consumo: o universo hiperbólico do consumo não foi a sepultura da religião, mas o instrumento da sua adaptação à civilização moderna da felicidade terrena.»
continua...

sábado, 18 de setembro de 2010

O Homem

Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios para minorá-los. Passava dias no seu laboratório à procura de respostas para as suas dúvidas. Certo dia, o seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar para outro lugar. Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objectivo de distrair a sua atenção. De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, com um rolo de fita cola, entregou ao filho e disse:
-Gostas de quebra-cabeças? Então vou-te dar o mundo para arranjares. Aqui está o mundo todo partido. Vê se consegues arranjá-lo bem direitinho! Faz tudo sozinho. Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:
-Pai, pai, já fiz tudo. Consegui acabar tudinho!
A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que nunca tinha visto. Relutante, o cientista levantou os olhos das suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços tinham sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como é que o menino tinha sido capaz?
-Tu não sabias como era o mundo, meu filho, como conseguiste?
-Pai , eu não sabia como era o mundo, mas quando tu tiraste o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado tinha a figura de um homem. Quando tu me deste o mundo para arranjar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a arranjar o homem que eu sabia como era. Quando consegui arranjar o homem, virei a folha e vi que tinha arranjado o mundo.

Texto recolhido por Sandra Dantas. Mapa retirado do Google.

Einstein

Pensamentos do génio Albert Einstein:

"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original".

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"O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário".

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"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta".

Desemprego

(foto retirada da NET)
Enquanto andam aí uns senhores a discutir quais os dados mais fiáveis, se os do Eurostat se os do INE, o desemprego vai preocupando cada vez mais...
... E não se vê respostas para ele, a não ser esperar por melhores dias!
Agora é tempo de falar em "dívida", "orçamento", "FMI", o "desemprego" fica para depois!

Dignidade

(imagem retirada da NET)

Já temos pouco tempo para sairmos desta crise com dignidade...

domingo, 12 de setembro de 2010

Místicos cristãos

Juan Martín Velasco, no seu livro "Doze místicos cristãos", recolhe a experiência de fé e oração de alguns dos maiores santos do universo cristão.
Eis duas orações recolhidas por Velasco:
Para ordenar sabiamente a vida:
"Concede-me, Senhor Deus meu, inteligência que Te conheça, diligência que Te procure, sabedoria que Te encontre, conduta que Te agrade, perseverança que Te espere e confiança de que um dia finalmente Te abrace".
S. Tomás de Aquino

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"Tomai, Senhor, e recebei esta minha liberdade, a minha memória, a minha inteligência e toda a minha vontade, tudo o que tenho e tudo o que possuo. Vós mo destes; a vós, Senhor, o restituo. Tudo é vosso; de tudo disponde segundo a vossa vontade. Dai-me o vosso amor e a vossa graça, que isto me basta". (Exercícios espirituais, 234)
S. Inácio de Loyola

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Questão de princípio

A história passou-se em Nova Iorque, "numa reunião da Internacional Socialista, em plena sala da Assembleia Geral das Nações Unidas. Shimon Peres, após ter perdido as eleições e umas semanas depois da morte de Itzhak Rabin, fez uma intervenção onde confessou que Rabin só foi discursar no sítio onde haveria de morrer porque ele o convencera a isso. E que perdera as eleições por defender a paz quando sabia perfeitamente que o país desejava a guerra. Na sua opinião, não fazia qualquer sentido abdicar de uma questão de princípio para tentar ganhar".
História contada por Luís Osório na revista "Tabu", que acompanha o jornal "Sol".

Constatação banal...

«A constatação é banal: à medida que as nossas sociedades enriquecem, surgem incessantemente novas vontades de consumir. Quanto mais consumimos, mais queremos consumir: a época da abundância é indissociável de um alargamento indefinido da esfera das satisfações desejadas e de uma incapacidade de pôr fim aos apetites de consumo, sendo a saturação de uma necessidade acompanhada de novas exigências. Daí a pergunta habitual: a que se deve esta escalada sem fim das necessidades? O que é que faz correr incansavelmente o consumidor?»
Gilles Lipovetsky, A felicidade paradoxal, Ed. 70, Lisboa 2007.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ORAÇÃO

"Quanto menos desafio houver na nossa vida, menos probabilidade temos de rezar".
Anthony de Mello

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ser hóspedes uns dos outros

«Agora temos de aprender a ser hóspedes uns dos outros naquilo que resta desta terra sobrepovoada e degradada. As nossas guerras, as nossas limpezas étnicas, os arsenais, de massacre que prosperam mesmo nos estados mais pobres, são territoriais. As ideologias e os ódios mútuos a que dão origem são territórios da mente. Desde sempre os homens têm-se atacado uns aos outros por causa de um pedaço de terra, sob diferentes trapos coloridos empunhados como bandeiras, a propósito de ténues diferenças na língua e no dialecto.A História tem assistido a um investimento interminável de ódios recíprocos por motivos bastante mesquinhos e irracionais. Por uma qualquer inspiração lunática, certas comunidades, por exemplo nos Balcãs ou em África, são capazes de explodir em apartheid e genocídio depois de terem vivido juntas durante séculos ou décadas. As árvores têm raízes, os seres humanos têm pernas. Com as quais podem atravessar o arame farpado de fronteiras idiotas, com as quais podem visitar e viver como hóspedes entre o resto da humanidade. Existe uma simbologia fundamental nas lendas que abundam na Bíblia, mas também nas mitologias gregas ou outras, do estranho que ao sol-posto bate ao portão após a sua viagem. Trata-se frequentemente do toque de um deus ou de um emissário divino que põe à prova a nossa capacidade de acolhimento. Quero acreditar que esses visitantes são os verdadeiros seres humanos em que devemos tentar tornar-nos se queremos sobreviver».
George Steiner, Errata: revisões de uma vida, tradução de Margarida Vale de Gato, Lisboa, Relógio d'Água, 2001, pp. 71-72
Citado por Miguel Serras Pereira

sexta-feira, 30 de julho de 2010

(Pôr-do-sol na foz do rio Minho)
Ao olhar recentemente para o pôr-do-sol, pensei:
se não houver nuvens no horizonte, o sol brilha até se pôr totalmente!
É assim também na vida das pessoas... Se a nossa sociedade não introduzir "nuvens" no horizonte (sabemos quais são, não é verdade?...), a pessoa brilhará até ao fim dos seus dias!
Não será um "peso", mas uma "luz" para os que com ela convivem... Bendita terceira idade.

Shakespeare

"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos".
W.Shakespeare

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O começo...

Começa aqui um percurso de partilha de ideias, que pretende ir para além das banalidades do dia-a-dia. Fomos feitos para o Infinito e para lá devemos caminhar...