"Todos os regimes cuidam de sufocar a inteligência, que não só é desnecessária nos termos de seja que forma for de organização, mas constitui, além disso, um factor adverso e, por conseguinte, uma ameaça. As pessoas de bom senso, por exemplo, põem-se interrogações assustadoras, subversivas. (...) As ditaduras suprimem a liberdade de pensamento (e, com frequência, também o pensador). Em democracia, cada cabeça vale um voto, ainda que se trate de uma cabeça oca. Todas as formas de domínio procuram impor a uniformidade dos pensamentos, dos desejos, do mesmo modo que visam massificar os indivíduos e vinculá-los a um modelo comum de imbecilidade.
Tal é a essência do poder. Que resulta das escolhas evolutivas e culturais da nossa espécie. O «homem massa» da moderna sociedade industrial (dissuadido de pensar, ensinado a alimentar desejos idênticos aos dos seus semelhantes, porque impostos por sistemas de condicionamento extremamente eficazes), o homem que se limita a saber desempenhar uma função, é o produto de um processo evolutivo que dura há milénios e se orienta para a repressão da inteligência. Quem diz «não me agrada», considera: «A evolução confundiu tudo.» Será verdade?"
Pino Aprile, Elogio do imbecil, Publicações D.Quixote, 2003.
Num tempo de crise, o pior que nos pode acontecer é o sufoco da inteligência...
... E há quem esteja apostado nisso!
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