segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A LOJA DA VERDADE

«Mal pude crer nos olhos quando vi o nome do lugar: a Loja da Verdade. Ali eles vendiam a verdade!
A moça do balcão foi delicada: que tipo de verdade eu procurava… só parte dela ou a Verdade total?
A Verdade total, naturalmente. Nada de decepções para meu lado, nem gosto de racionalizações.
Eu disse que gostava da Verdade muito clara, bem simples, bem inteira.
Ouvindo isto, ela, então, conduziu-me para o outro lado do balcão onde vendiam, somente aí, a tal Verdade inteira. O comerciante olhou-me compassivo e mostrou-me a etiqueta com o preço: “Como assim?”, perguntei determinado a conseguir, custasse o que custasse a Verdade total.
“É que… se o senhor levar esta Verdade, o preço que por ela pagará será não ter mais descanso na vida.”
Foi o que disse o homem do balcão e eu, triste, afastei-me daquela loja porque pensava, eu tolo, que podia achar Verdade inteira e… baratinha.
Não estou pronto ainda para ela; quero descanso e paz, de vez em quando, mas sinto que preciso ainda usar defesas de racionalizações e desculpas, escondendo-me atrás dessas muralhas que levantei com crenças imbatíveis».
Anthony de Mello, S.J., O canto do pássaro.
As pessoas vivem mais facilmente com as meias verdades ou com as tais verdades "baratinhas"...

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