"Nas últimas décadas tem vindo a estender-se sobre os horizontes da nossa sociedade a noite escura de um certo nihilismo pelo qual perdem valor e actualidade os ideais antigos e as utopias modernas. Será que todo o labor da história está destinado a dormir entre ruínas e esquecimentos? Terá sido inútil a passagem da alegria pelos nossos corações? Não. (...)
Para quê perder o olhar no horizonte? O sentido e a essência dormem na casa de cada um.
A vida canta nos nossos silêncios e sonha enquanto dormimos. Ainda que naveguemos entre penas e tristezas, entre medos e ansiedades, e a contradição seja o companheiro de caminho, a vida sorri à luz do sol e é livre, mesmo que arraste correntes. Seja dramática ou gozosa, como não dizer sim à vida? Companheiros, até ao cume sagrado!
(...)
Neste andar pela vida morreremos muitas vezes, deixando de ser o que somos, para iniciar novas etapas de múltiplas possibilidades que nos esperam em cada fragmento, em que a cada decadência sucederá uma ressurreição, porque a vida é assim: não morre nunca.
(...)
Amar a vida é darmo-nos generosamente aos sucessivos renascimentos. O início de um projecto é começar a viver. Há que explorar novas praias onde poder cantar e, a partir daí, navegar em águas profundas até tocar no fundo, onde se encontram as causas últimas".
Ignacio Larrañaga, As forças da decadência, Paulus Ed. 2004.
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