"Guardar silêncio implica muito mais que o mero não falar. Equivale a recolher-se, a criar um espaço interior de serenidade, de repouso espiritual e de acolhimento. Eu posso não falar e manter-me crispado sobre mim próprio, fechado a todo o chamamento que me convide a assumir um valor e a realizá-lo. Esse silêncio é uma forma de mudez infecunda, que não me dispõe para recolher-me e deixar-me envolver pelo valioso.
Se queremos viver com a devida dignidade, necessitamos de momentos de silêncio recolhido, nos quais acalmemos o nosso espírito, nos distanciemos de quanto nos leva para o exterior e nos dispersa numa multidão de questões superficiais. Devemos deter-nos, libertarmo-nos da febre da acção e dizer-nos: « tens muitas coisas que fazer, porém fa-las-ás melhor se dedicas este tempo com plenitude a encontrar-te com aquilo que dá sentido à tua vida."
Alfonso López Quintás, Llamados al encontro (2011)
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